
Assassinada pelo marido com golpes de foice, na noite do domingo (21), no bairro Santa Luzia, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, a professora Elizângela Santos Oliveira acreditava na mudança de comportamento do companheiro.
Segundo o delegado Gabriel Sapucaia, testemunhas disseram em depoimentos que a vítima já havia sido agredida outras vezes por Cícero João de Araújo, que foi preso em flagrante logo após cometer o feminicídio.
“Nós estamos ouvindo algumas testemunhas, coletamos ainda no local o testemunho de duas pessoas que presenciaram, que foram testemunha ocular do crime e elas relataram que perpetrava agressões e violências contra essa companheira dele, já era corriqueiro, já era um fato público e notório dos vizinhos daquela comunidade que ele praticava aqueles atos”, diz o delegado.
Embora o relato dos vizinhos mostre que existia violência, o delegado Sapucaia destaca que a vítima nunca registrou boletim de ocorrência sobre as agressões. Evangélica, Elizângela foi atacada e morta logo após voltar da igreja.
“Ela era bastante religiosa e acreditava, e isso foi inclusive ressaltado em uma dessas testemunhas, que expressaram que ela dizia que Deus tinha arranjado esse marido para ela, que ela ficaria com ele até o último dia da vida. Então, essas testemunhas presenciaram ela dizer isso e acredito que por medo, por receio ou por essa expectativa religiosa, ela não buscou os meios de proteção na justiça”, afirma Sapucaia.
De acordo com dados da Gerência Geral de Análise Criminal e Estatística (GGACE) da Secretaria de Defesa Social (SDS), entre janeiro e novembro de 2025, foram registradas 3.535 ocorrências de violência contra a mulher em Petrolina. No mesmo período do ano passado, foram contabilizadas 3.277 ocorrências no município, o que corresponde a uma variação de 7,32%.
A morte de Elizângela foi o segundo feminicídio registrado em Petrolina neste ano. Em 2024, foram quatro casos. Em todo o estado, a taxa de resolubilidade dos crimes de feminicídio foi de 97,6% em 2023; 98,7% em 2024; e 98,6% até outubro de 2025. O delegado destaca a importância das denúncias para coibir casos de violência contra a mulher.
“É importante que a mulher procure a delegacia, registre esse boletim de ocorrência, peça a medida protetiva, eventualmente uma solicitação de uma casa de abrigo, para que a gente consiga coibir esse tipo de crime. Ressaltamos também que tem a Patrulha da Mulher, que atende 24 horas esse tipo de ocorrência. É importante ela se resguardar por meio desses mecanismos.”
O delegado destaca que a denúncia não precisa ser feita apenas pela vítima. “A Polícia Civil não tem condição de se informar de todo crime de violência contra o cidadão, precisa da identificação da vítima ou de um vizinho ou de um familiar para que, a partir dessa provocação, dessa ciência da Polícia Civil, a gente possa tomar as medidas cabíveis.”
No final da tarde da segunda-feira (22), a prisão em flagrante de Cícero João foi convertida em prisão preventiva. Ele foi encaminhado ao Presídio Doutor Edvaldo Gomes, em Petrolina.